
🧠 A História da Inteligência Artificial:
Da Teoria de Turing aos Agentes de IA
Você já usou o ChatGPT, viu imagens criadas por IA ou recebeu recomendações personalizadas na Netflix? A Inteligência Artificial está cada vez mais presente em nossas vidas — mas sua história começou bem antes dessas maravilhas modernas.
A história da Inteligência Artificial é marcada por avanços tecnológicos que transformaram a forma como máquinas aprendem e raciocinam. Desde a Teoria de Turing, que lançou as bases para o conceito de máquinas pensantes, até os modernos Agentes de IA, a Evolução da Inteligência Artificial tem sido impressionante.
1. Origens da Inteligência Artificial: De Alan Turing aos Primeiros Programas de IA
Alan Turing e o nascimento da ideia de máquinas pensantes
A jornada da IA começou com a provocação de Alan Turing, considerado o pai da inteligência artificial, tendo criado o Teste de Turing em 1950, uma das primeiras tentativas de definir o que significa uma máquina inteligente. Tratava-se de um experimento mental que buscava determinar se uma máquina poderia exibir um comportamento inteligente indistinguível do de um ser humano. A ideia era simples, porém profunda: se uma pessoa, ao conversar com uma máquina e um humano por meio de mensagens, não conseguisse distinguir qual dos dois era a máquina, então ela poderia ser considerada “pensante”. Além desse marco, Turing foi pioneiro na criação da computação moderna ao conceber a “Máquina de Turing” — um modelo teórico que fundamenta todos os computadores atuais. Ele também teve um papel decisivo na Segunda Guerra Mundial, ao liderar a quebra dos códigos nazistas da máquina Enigma. Sua trajetória inspirou o filme O Jogo da Imitação (2014), estrelado por Benedict Cumberbatch, que mostra como suas ideias moldaram tanto a ciência da computação quanto os fundamentos da inteligência artificial.
A Conferência de Dartmouth e a criação do termo “Inteligência Artificial”
Em 1956, na Dartmouth Conference, um grupo de cientistas liderado por John McCarthy, junto com Marvin Minsky, Claude Shannon e Nathaniel Rochester, deu um passo decisivo ao propor uma nova disciplina chamada Inteligência Artificial. Esse encontro foi histórico não só por cunhar o termo, mas por consolidar o sonho de criar máquinas que fossem capazes de aprender, raciocinar e resolver problemas de forma autônoma. Nesse período, outro marco importante foi a criação do primeiro neurônio artificial, o Perceptron, desenvolvido por Frank Rosenblatt em 1958. O Perceptron foi uma tentativa inicial de simular o funcionamento do cérebro humano, servindo de base para o desenvolvimento das futuras redes neurais. A Conferência de Dartmouth é, portanto, considerada o verdadeiro ponto de partida da IA como campo científico estruturado.
Primeiros programas de IA: Logic Theorist e General Problem Solver
Durante essa era, surgiram os primeiros programas de IA simbólica, que buscavam simular a lógica e o raciocínio humano por meio de representações explícitas de conhecimento. Dois marcos fundamentais foram:
- Logic Theorist (1955): criado por Allen Newell e Herbert Simon, esse programa foi considerado o “primeiro programa de inteligência artificial”. Ele foi capaz de provar teoremas de lógica matemática presentes nos Principia Mathematica, de Whitehead e Russell, por meio de regras simbólicas e manipulação lógica — algo inédito na época.
- General Problem Solver (1957): também desenvolvido por Newell e Simon, esse programa tinha como objetivo resolver qualquer problema definido formalmente, utilizando uma abordagem de busca heurística. O GPS foi um dos primeiros a usar técnicas gerais de resolução de problemas, como a decomposição de metas (goal decomposition), e é um antecessor conceitual de muitos sistemas de IA atuais.
Esses programas inauguraram a chamada abordagem simbólica da IA, na qual o conhecimento é representado por regras e símbolos manipulados logicamente — uma linha de pesquisa que dominaria a IA por décadas. Esse paradigma, também conhecido como IA clássica ou GOFAI (Good Old-Fashioned Artificial Intelligence), acreditava que a inteligência poderia ser construída a partir de estruturas lógicas bem definidas e algoritmos determinísticos. No entanto, apesar de alguns sucessos iniciais, esse modelo começou a encontrar limitações quando confrontado com problemas do mundo real que envolviam ambiguidade, percepção sensorial e conhecimento incompleto. Essas dificuldades levaram ao chamado “primeiro inverno da IA”, entre o final dos anos 1970 e o início dos anos 1980, quando o entusiasmo arrefeceu e os investimentos na área diminuíram drasticamente. Ainda assim, os fundamentos estabelecidos nesse período serviram de base para muitos avanços posteriores, especialmente com o retorno das redes neurais e o advento do aprendizado de máquina.
2. Evolução da Inteligência Artificial: Dos Sistemas Especialistas ao Aprendizado de Máquina
O boom dos sistemas especialistas na indústria
O entusiasmo pela inteligência artificial foi reavivado nos anos 1980 com o surgimento dos sistemas especialistas. Esses programas buscavam capturar o conhecimento de especialistas humanos em domínios específicos, utilizando regras simbólicas para tomar decisões. Eles foram amplamente adotados em setores como medicina, engenharia e finanças, marcando o retorno do investimento e da confiança na IA.
Exemplos notáveis incluem:
- MYCIN: um sistema desenvolvido na Universidade de Stanford para auxiliar no diagnóstico e tratamento de infecções bacterianas, que conseguia indicar antibióticos apropriados com base em regras clínicas.
- XCON (também conhecido como R1): criado pela Digital Equipment Corporation (DEC), esse sistema automatizava a configuração de computadores VAX e trouxe uma economia anual estimada em milhões de dólares.
Os sistemas especialistas representaram o auge da IA simbólica, que dominava a disciplina desde suas origens. A lógica por trás deles era baseada em sistemas de regras: “se condição A for verdadeira, então tome ação B”. Embora eficazes em ambientes controlados, esses sistemas exigiam enorme esforço para codificar e atualizar regras, além de falharem diante de incertezas e exceções. Essas fragilidades abriram caminho para abordagens mais flexíveis, como o aprendizado de máquina.
Apesar dessas limitações, os sistemas especialistas reacenderam o interesse pela IA e ajudaram a pavimentar o caminho para os próximos avanços. De certa forma, esse boom marcou o fim do primeiro inverno da IA, trazendo novas ondas de financiamento, pesquisa e aplicação prática. Ao transformar conhecimento humano em lógica programável, esses sistemas mostraram que a IA podia ser útil em contextos reais e específicos — ainda que distante da inteligência geral sonhada desde Dartmouth.
Nos anos finais da década de 1980, as limitações dos sistemas especialistas levaram a uma desaceleração no financiamento e no interesse pela IA. A frustração com a ideia de máquinas capazes de raciocinar como humanos resultou no chamado segundo inverno da IA — um período de desânimo e cortes de investimento. Esse foi o ponto em que o aprendizado de máquina começou a emergir como uma alternativa, eventualmente liderando o renascimento da IA na década de 1990.
O Aprendizado de Máquina ganha força
A década de 1990 marcou o renascimento da Inteligência Artificial com um novo foco: o aprendizado de máquina. Essa abordagem, baseada em métodos estatísticos, permite que os computadores aprendam com dados e tomem decisões sem serem explicitamente programados. Este conceito foi originalmente formulado por Arthur Samuel em 1959, quando ele o definiu como o campo de estudo que dá aos computadores a capacidade de aprender sem instrução direta. Em vez de seguir regras codificadas manualmente, como na IA simbólica, os algoritmos de aprendizado de máquina analisam padrões estatísticos em dados de entrada e saída para extrair relações e prever resultados. Essa abordagem conecta-se diretamente a técnicas estatísticas mais antigas, como regressão e inferência bayesiana, mas evoluiu para incorporar modelos computacionais mais sofisticados e eficientes, impulsionando um novo ciclo de esperança e investimento em IA após o segundo inverno da disciplina.
Técnicas como as Máquinas de Vetores de Suporte (SVMs) e Random Forests começaram a ganhar destaque. As SVMs usam conceitos de otimização para traçar a melhor linha (ou plano) que separa diferentes categorias de dados com a maior margem possível. Já as Random Forests representaram um avanço nas técnicas de ensemble learning, combinando múltiplas árvores de decisão treinadas com subconjuntos aleatórios dos dados e atributos, aumentando significativamente a precisão e a robustez das previsões. Ambas as abordagens tinham uma forte base estatística, aplicando ideias da estatística multivariada e teoria da probabilidade para lidar com problemas complexos de classificação e regressão, contribuindo decisivamente para a consolidação do aprendizado de máquina como nova força motriz da inteligência artificial até os dias de hoje.
Deep Blue vs. Kasparov: IA vence o xadrez pela primeira vez
Embora o aprendizado de máquina representasse um novo início para a IA no final da década de 1990, foi um algoritmo GOFAI (Good Old-Fashioned Artificial Intelligence) que protagonizou o maior evento de IA da década: a vitória de Deep Blue sobre o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov em 1997. O Deep Blue usou técnicas tradicionais de IA, como pesquisa de árvores de jogadas e avaliação heurística, para calcular milhões de possibilidades de movimentos e escolher o mais vantajoso. O que diferenciou Deep Blue de outros sistemas GOFAI foi seu poder computacional excepcional: ele foi capaz de avaliar um número imenso de possibilidades em tempo real, algo impossível para qualquer ser humano, e usou uma base de dados e algoritmos muito mais robustos que os sistemas anteriores. Esse avanço destacava a importância da capacidade de processamento e da computação paralela, que se tornariam fatores chave nos avanços da IA nas décadas seguintes. A partir desse momento, o crescimento exponencial da capacidade de processamento, aliado a novas abordagens, impulsionaria o desenvolvimento de redes neurais e aprendizado profundo, fazendo com que a IA passasse a aprender com os dados e evoluísse de maneiras que até então eram impensáveis.
3. Deep Learning e a Revolução na Inteligência Artificial Moderna
A explosão de dados, o artigo que reacendeu o Deep Learning e o ImageNet
Com a popularização da internet e a consequente explosão do volume de dados digitais, os algoritmos de machine learning passaram a ser treinados com grandes quantidades de informação, aumentando significativamente sua precisão e utilidade prática. Apesar disso, ainda persistia uma dependência significativa de conhecimento especializado para transformar os dados brutos em representações mais adequadas ao treinamento dos modelos. Essa etapa, conhecida como extração de atributos ou engenharia de features, exigia que especialistas definissem manualmente quais características dos dados eram relevantes para a tarefa em questão. Por exemplo, ao tentar classificar um som como sendo de voz humana ou canto de pássaro, era necessário que humanos identificassem e extraíssem previamente atributos como a frequência média do áudio. Essa limitação dificultava a escalabilidade dos modelos e impunha barreiras à automatização do aprendizado.
Em 2006, Geoffrey Hinton e seus colegas publicaram um artigo pioneiro que marcou o início da era moderna do Deep Learning, ao apresentar uma técnica eficiente de pré-treinamento para redes neurais profundas. As redes neurais são modelos matemáticos em camadas baseadas no neurônio artificial de Rosenblatt, o Perceptron. Nesse trabalho, Hinton demonstrou que redes com múltiplas camadas poderiam ser treinadas com sucesso, superando as dificuldades históricas enfrentadas por arquiteturas profundas.
Percebeu-se que essa nova arquitetura de redes profundas permitia a extração automática de características diretamente dos dados brutos, reduzindo drasticamente a dependência de conhecimento especializado em engenharia de atributos. Isso transformou a forma como modelos de IA eram desenvolvidos: tornaram-se mais potentes, mas também mais opacos — verdadeiras “caixas-pretas”, de difícil interpretação. Essa transformação marcou a passagem de um paradigma centrado no conhecimento de especialistas para outro fundamentado em competências computacionais, aprendizado estatístico e modelagem de dados em grande escala. O saber humano passou a residir cada vez mais nos próprios dados, especialmente nas abordagens de aprendizado supervisionado, que exigem conjuntos rotulados para que os algoritmos aprendam as tarefas desejadas.
A virada definitiva veio em 2012, quando uma rede neural convolucional (CNN) chamada AlexNet, desenvolvida por Alex Krizhevsky, Ilya Sutskever e Geoffrey Hinton, venceu com folga a competição de classificação de imagens do ImageNet. O ImageNet é um imenso banco de dados de imagens rotuladas, criado por Fei-Fei Li, e sua competição anual se tornou um marco para testar algoritmos de visão computacional. A vitória da AlexNet, que combinava deep learning e o uso de GPUs para acelerar cálculos, reduziu significativamente os erros no reconhecimento de imagens e revelou o poder das redes neurais profundas. O advento das GPUs foi também um avanço fundamental para a história da Inteligência Artificial.
Aplicações reais e o crescimento do Deep Learning
Com o aumento significativo do poder computacional e a disponibilidade de grandes volumes de dados, as redes neurais profundas passaram a dominar tarefas antes consideradas complexas demais para máquinas. Essa nova era foi liderada por pesquisadores como Geoffrey Hinton, Yann LeCun e Yoshua Bengio — frequentemente chamados de “pais do Deep Learning” — que ajudaram a consolidar essas técnicas como pilar central da IA moderna. Um dos marcos importantes foi a publicação do artigo de revisão “Deep Learning” na revista Nature (2015), coassinado por Hinton, LeCun e Bengio, que resumiu os avanços e potencial da área. Além das redes convolucionais (CNNs), usadas principalmente em visão computacional, as redes recorrentes (RNNs) também se destacaram por sua capacidade de lidar com dados sequenciais, como texto e áudio. Essas tecnologias encontraram aplicações concretas em diversas áreas, como: reconhecimento de imagem e voz, tradução automática, análise de sentimentos e diagnóstico médico por imagem. Os avanços do Deep Learning não só ampliaram o impacto da IA em aplicações práticas, mas também reafirmaram sua posição como força motriz na atual revolução tecnológica.
4. Transformers e o Impacto no Processamento de Linguagem Natural
O que são Transformers e por que eles mudaram tudo?
Lançado em 2017 por pesquisadores do Google, o artigo “Attention is All You Need” introduziu o modelo Transformer, uma nova arquitetura de rede neural profunda que revolucionou o processamento de linguagem natural (NLP). Diferentemente das redes recorrentes (RNNs), muito utilizadas até então, os Transformers abandonaram o processamento sequencial em favor de um mecanismo chamado atenção, já existente em trabalhos anteriores, mas agora adotado como núcleo da arquitetura. Isso permitiu maior paralelização durante o treinamento, o que aumentou consideravelmente a eficiência e escalabilidade dos modelos. Além disso, os Transformers viabilizaram o uso de grandes volumes de dados não rotulados por meio de treinamento autosupervisionado, tornando-se a base para uma nova geração de modelos de linguagem como BERT, GPT e T5.
Até então, uma grande limitação para o desenvolvimento de modelos de IA era a necessidade de rotular manualmente os dados para realizar o treinamento supervisionado. Isso exigia esforço humano considerável já que cada entrada precisava ser associada à sua saída desejada. No entanto, com o avanço dos modelos de linguagem (algoritmos treinados para prever a próxima palavra em uma sequência de texto), surgiu uma forma inovadora de treinamento conhecida como aprendizado autosupervisionado. Esse tipo de aprendizado possibilitou o uso de dados não rotulados ao aproveitar a própria estrutura sequencial da linguagem: basta fornecer uma sequência de palavras como entrada e a palavra seguinte como alvo, permitindo que o modelo aprenda a prever a próxima palavra sem necessidade de intervenção humana. Essa abordagem foi fundamental para o treinamento de modelos baseados em Transformers, viabilizando o uso de grandes volumes de dados textuais e contribuindo para sua escalabilidade e desempenho superiores.
5. Inteligência Artificial Generativa: Texto, Imagem e Código Criados por IA
ChatGPT e a popularização da IA generativa
O lançamento do ChatGPT em 2022 marcou a democratização da IA, ao disponibilizar um serviço via web acessível a qualquer pessoa — não mais restrito a especialistas, cientistas ou programadores. Por meio do conceito de Instruction Learning, usuários comuns puderam interagir com a IA apenas fornecendo instruções em linguagem natural, criando textos, resumos e ideias sem precisar de conhecimento técnico. Esse modelo serviu de porta de entrada para milhões de pessoas que descobriram o poder da IA generativa a partir de um navegador e, em pouco tempo, passou-se a perceber a capacidade de raciocínio desses sistemas, capazes de explicar conceitos complexos, solucionar problemas e aprender com o diálogo. A popularização de APIs e interfaces web resultou numa explosão de aplicações, consolidando o ChatGPT como um marco na história da IA acessível.
Mas afinal por que Generativa?
IA Generativa é um tipo de inteligência artificial capaz de criar novos conteúdos, como textos, imagens, músicas, vídeos ou até códigos de programação. Em vez de apenas analisar ou classificar informações — como fazem os sistemas tradicionais de IA —, a IA generativa produz resultados originais, muitas vezes a partir de exemplos ou instruções fornecidas.
Um dos exemplos mais conhecidos é o ChatGPT, um modelo de linguagem (ou LLM, na sigla em inglês) que gera textos de forma autônoma com base em perguntas ou comandos. Mas a IA generativa vai muito além da produção de texto. Ela inclui diferentes tipos de modelos, cada um com aplicações específicas:
- GANs (Redes Generativas Adversariais): São muito usadas para criar imagens e vídeos realistas. Elas funcionam como uma competição entre dois modelos — um tenta criar conteúdo, e o outro avalia se está convincente ou não.
- VAEs (Autoencoders Variacionais): São usados para gerar dados sintéticos, com a vantagem de permitir controle sobre certas características do que está sendo criado, como estilo, cor ou forma.
- Modelos de Difusão (como o Stable Diffusion): Esses modelos geram imagens a partir de “ruído” aleatório, simulando um processo físico reverso — como se pegassem uma imagem embaralhada e reconstruíssem algo novo a partir disso.
O que todas essas técnicas têm em comum é a capacidade de gerar informações novas, de maneira criativa e autônoma. Isso torna a IA generativa uma das áreas mais promissoras e empolgantes da inteligência artificial moderna, com aplicações em arte, ciência, entretenimento, design, educação e muito mais.
Ferramentas de IA que geram imagens, músicas e códigos
Assim, além do texto, surgiram modelos capazes de criar:
- Imagens (DALL·E, Midjourney, Stable Diffusion)
- Códigos de programação (GitHub Copilot, Amazon CodeWhisperer)
- Músicas, vozes sintéticas e sons realistas (Suno, ElevenLabs, Voicemod)
A IA generativa expandiu os limites da criatividade, permitindo que qualquer pessoa transforme ideias em expressões visuais, sonoras ou funcionais com poucos cliques.
6. Agentes de IA: O Futuro da Inteligência Artificial
O que são agentes de IA?
Nos últimos anos, a inteligência artificial evoluiu de ferramentas passivas para sistemas que tomam decisões, interagem com ambientes digitais e realizam tarefas de forma autônoma. Esses sistemas são chamados de agentes de IA.
Um agente autônomo ou agente de IA ou ainda agente inteligente é um software que pode:
- Perceber o ambiente (digital ou físico),
- Planejar ações com base em metas ou instruções,
- Executar essas ações, aprendendo com os resultados,
- E, muitas vezes, comunicar-se com humanos ou outras máquinas.
O que diferencia esses agentes das interfaces anteriores (como o ChatGPT tradicional) é que eles não apenas respondem a comandos isolados — eles atuam de forma contínua, proativa e adaptativa, como um assistente digital que aprende suas preferências, interage com sistemas online e resolve tarefas por conta própria.
Imagine que, na programação comum, o caminho que o computador segue para fazer algo é como uma receita bem definida, criada por um programador. Já com os Agentes de IA, a coisa muda de figura! Em vez de seguir um roteiro fixo, esses sistemas pensam por conta própria para descobrir a melhor maneira de resolver um problema. Eles têm uma espécie de “cérebro”, muitas vezes um grande modelo de linguagem (LLM), que os ajuda a raciocinar e decidir qual o próximo passo. Para realizar suas tarefas, esses agentes podem usar diversas “ferramentas”, como se fossem aplicativos em um computador – navegar na internet, escrever códigos ou consultar informações. Assim, eles conseguem agir de forma independente, aprendendo e se adaptando para alcançar seus objetivos de um jeito muito mais dinâmico e inteligente.
Exemplos atuais e promissores de agentes de IA
- Auto-GPT e BabyAGI: agentes experimentais baseados em grandes modelos de linguagem (como o GPT-4), capazes de dividir objetivos em subtarefas, buscar informações na web, executar código e adaptar estratégias em tempo real.
- Agentes de produtividade: empresas estão desenvolvendo IA para automatizar agendas, responder e-mails, gerenciar documentos e realizar análises de dados corporativos.
- Simulações e jogos: agentes treinados com reforço (como os da DeepMind) são capazes de dominar ambientes complexos, como jogos de estratégia ou simulações econômicas.
Esse novo paradigma representa uma mudança no papel da IA, que passa a ser menos uma ferramenta e mais um colaborador digital. Ele aproxima a visão original de Turing e McCarthy: a criação de sistemas que pensam, planejam e agem de forma independente.
Os desafios éticos e sociais da próxima era
À medida que os agentes de IA se tornam mais autônomos e integrados à sociedade, surgem questões críticas:
- Responsabilidade: Quem responde pelas decisões de uma IA autônoma?
- Transparência: Como entender e auditar os processos de decisão desses agentes?
- Segurança: Como garantir que os agentes sigam limites éticos e legais?
- Impacto no trabalho humano: Se agentes realizam tarefas cognitivas complexas, como será o papel dos profissionais humanos?
- Regulação e governança: Precisamos de marcos legais para orientar o uso seguro e justo da IA.
Assim, a era dos agentes marca um novo capítulo, não só tecnológico, mas também filosófico: estamos criando entidades capazes de decidir — e isso exige um novo nível de maturidade social e política.
7. A Jornada da Inteligência Artificial Está Só Começando
A história da Inteligência Artificial é marcada por saltos extraordinários — e também por momentos de pausa e reflexão. De uma ideia teórica nascida com Turing, evoluímos para sistemas que hoje criam textos, imagens, músicas e tomam decisões em tempo real.
Mas a jornada da IA está longe de terminar. Estamos deixando para trás uma era em que as máquinas apenas executavam instruções. Agora, elas aprendem, se adaptam, criam… e, cada vez mais, decidem. O que antes era ficção científica, tornou-se cotidiano.
No entanto, o futuro da IA não será moldado apenas por sua capacidade técnica, mas pela maneira como escolhemos usá-la. Ética, responsabilidade e visão coletiva serão essenciais para garantir que esse progresso beneficie a todos.
O futuro da IA será definido menos por seu poder… e mais por nossa sabedoria em guiá-la.
Linha do Tempo da Inteligência Artificial
1950: Teste de Turing
Alan Turing propõe o Teste de Turing, um experimento mental para definir se uma máquina pode exibir comportamento inteligente indistinguível do humano.
1955: Logic Theorist
Allen Newell e Herbert Simon criam o Logic Theorist, considerado o “primeiro programa de inteligência artificial”.
1956: Conferência de Dartmouth
O termo “Inteligência Artificial” é formalmente cunhado, marcando o nascimento da IA como um campo científico estruturado.
1957: General Problem Solver (GPS)
Newell e Simon desenvolvem o GPS, um programa para resolver problemas formalmente definidos usando busca heurística.
1958: Perceptron
Frank Rosenblatt desenvolve o Perceptron, o primeiro neurônio artificial.
Década de 1980: Boom dos Sistemas Especialistas
Sistemas como MYCIN e XCON/R1 são amplamente adotados na indústria.
Final da Década de 1980: Segundo Inverno da IA
Período de desânimo e redução de investimentos devido às limitações dos sistemas especialistas.
Década de 1990: Emergência do Aprendizado de Máquina
Novas técnicas como Máquinas de Vetores de Suporte (SVMs) e Random Forests ganham destaque.
1997: Deep Blue Vence Kasparov
O programa de IA Deep Blue derrota o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov.
2006: Início do Deep Learning Moderno
Artigo seminal marca o início da era moderna do Deep Learning.
2012: AlexNet Vence ImageNet
AlexNet impulsiona o Deep Learning ao vencer a competição de classificação de imagens do ImageNet.
2015: Artigo de Revisão “Deep Learning”
Publicação na Nature por Hinton, LeCun e Bengio, consolidando a área.
2017: Lançamento do Modelo Transformer
O artigo “Attention is All You Need” revoluciona o Processamento de Linguagem Natural (NLP).
A Partir de 2017: Desenvolvimento de LLMs
Surgimento de modelos de linguagem como BERT, GPT e T5, impulsionados por aprendizado autosupervisionado.
2022: Lançamento do ChatGPT
Popularização da IA generativa, tornando-a acessível ao público em geral.
2022-2024: Ferramentas de IA Generativa
Desenvolvimento de ferramentas para criar imagens, códigos e músicas (DALL·E, Midjourney, GitHub Copilot, Suno).
2024 – Atual e Futuro: Agentes de IA
Surgimento e desenvolvimento de Agentes de IA autônomos (Auto-GPT, BabyAGI), indicando o futuro da IA.
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